Bem, prometi algo diferente e, a meu ver, cumpri o prometido.
De modo a melhor me fazer compreender, digo desde logo que, neste momento, estou sob a alçada de uma internista com subespecialização em cuidados paliativos.
Acho que bastou este parágrafo para se fazer luz sobre a essência deste post.
Convencida em me integrar em Medicina Interna (e talvez em Cuidados Paliativos já nem sei bem), começou a dar-me alguma literatura que considera mais importante). Quem me conhece sabe que sou esquisito e que sou bem capaz de fazer coisas bem esquisitas.
Este livro, claramente diferente de tudo o resto publicado neste site, retrata a abordagem clínica de uma médica de família nos Estados Unidos. Toda a vida tratando pessoas de várias idades e com várias capacidades e incapacidades, a autora foca-se neste livro na terceira (quarta?) idade.
Na nossa sociedade actual, em que as pessoas com mais de 65 anos já superaram 10% da população total, é extremamente pertinente considerar a utilidade de toda a abordagem médica actual e dos avançados tecnológicos que nos permitiram, por exemplo, a reparação de válvulas cardíacas sem um único corte. O velho dilema do "podemos, mas devemos?" é explicado através de diversos casos reais que a médica presenciou. 
Retratar todos os casos é, obviamente contra-producente num post que não deve ocupar toda a página do blog. A autora gosta, sobretudo de deambular sobre questões (talvez não tão filosóficas) sobre o "undertreatment" e o "overtreatment". 
No final da vossa vida, prefeririam acabá-la em casa, em paz, sem dor ou tentar prolongar a vida com o risco de acabar, em sofrimento, numa cama de um qualquer hospital, longe de todo e qualquer conhecido?
O tão familiar paradigma dos doentes com AVCs maciços. O que estão estas pessoas verdadeiramente a fazer no hospital. Tratamento verdadeiramente não há e, mesmo que após vários meses eles recuperem qualquer capacidade, será sempre uma fracção da sua anterior pessoa. Como prefeririam passar os últimos momentos das vossas vidas?
Talves a frase que mais gostei deste livro "devemos dar vida aos anos e não anos à vida" (sim que cliché).
Para quem estiver interessado (e mesmo para os que não estão) vale a pena dar uma olhadela :P .
  

0 comentários: